Eis um termo que até agora estava submerso na obscuridade. Há 100 anos todos repetem – “Sarava” – e até agora ninguém havia nos dado uma explicação plausível da sua origem. De onde vem a palavra “Sarava”? A que idioma pertence? Qual o seu sentido etimológico? Em pesquisas realizadas em sites especializados, só encontramos o seguinte: “Sarava” quer dizer; “bem-vindo”. Tem o significado de “salve”. Corruptela da palavra portuguesa “salvar”, cujos escravos tinham dificuldade de pronunciar, e diziam “salavar”. Sob a influência da fonologia Banto, passou a se falar “Sarava”. “Sarava” também pode significar “salve” ou “viva”, por influência africana no idioma português do Brasil. Usada nesse sentido específico pelo poeta e compositor brasileiro Vinícius de Moraes. “Sarava”, assim como axé, shalom, ou amém, selam conversas e têm conotação positiva. “Sarava” também é utilizado como uma saudação possuindo o sentido de “Salve sua força”, da Força de Deus e da Natureza que estão dentro da pessoa, como no mantra indiano Namastê, que dizem significar: “O Deus que tem dentro de mim, saúda o Deus que tem dentro de você”. Descartamos tal significado lírico disseminado no Ocidente, pois Namastê que dizer: “Namastê vem do sânscrito: “Namah + te”, é um cumprimento ou saudação falada no Sul da Ásia. Namaskar é considerado uma forma ligeiramente mais formal, mas ambas as expressões expressam um grande sentimento de respeito. Utiliza-se na Índia e no Nepal por hindus, sikhs, jainistas e budistas. Nas culturas indianas e nepalesas, a palavra é dita no início de uma comunicação verbal ou escrita. Contudo, o gesto feito com as mãos dobradas é feito sem ser acompanhado de palavras quando se despede. Na ioga, Namastê é algo que se dirá ao instrutor e que, nessa situação, significa “sou o seu humilde criado”.Literalmente significa “curvo-me perante ti”; a palavra provém do sânscrito “namah”, “curvar-se”, “fazer uma saudação reverencial”, e (te), “te”. Quando dito a outra pessoa, é normalmente acompanhada de uma ligeira vénia feita com as duas mãos pressionadas juntas, as palmas tocando-se e os dedos apontando para cima, no centro do peito. O gesto também pode ser realizado em silêncio, contendo o mesmo significado”.
“Sarava” é uma palavra do idioma Yorubá, e quer dizer “salve”. Pesquisamos em dicionários Yorubás, e em Kimbundo, e não encontramos nem um similar da palavra “Sarava”. Portanto quem disse isso, simplesmente “achou” ser o correto. Aliás, note, que o termo “Sarava” não faz parte dos vocábulos utilizados pelos cultos afros brasileiros; não se tem notícia de em Terreiros de Candomblé, ou mesmo nos atuais Cultos de Orixá utilizar-se o “Sarava” como forma litúrgica; somente se ouve o termo axé, mucuiu n´Zambi, kolofé ou mesmo motumbá, mas, nunca “Sarava”). Vamos a uma explicação curiosa que a “Modalidade Umbanda Esotérica” expõe: O TERMO SARAVA Saravá também pode significar “salve” ou “viva”, por influência africana no idioma português do Brasil. O termo Saravá também é usado nos aspectos esotéricos da Umbanda como mantra (que são palavras especiais vocalizadas de maneira específica que produzem certos fenômenos de imantação e desagregação). São sons místicos ou sagrados, ou seja, sons específicos que elevam o espírito. Esse termo é, portanto, um mantra que pode fixar ou dissipar determinadas vibrações, não sendo, portanto aconselhável pronunciá-lo sem a devida necessidade. Façamos do termo sagrado Saravá, que proveio do Abanhenga, um estudo arqueométrico para aí acharmos, na sua original pureza, seu significado: SA – significando: Força, Senhor. RA – significando: Reinar, Movimento. VA – significando: Natureza, Energia. Tradução do termo Sarava: Força que movimenta a Natureza. A geometria é um pentagrama. Assim, o termo litúrgico Sarava se pronuncia segundo a modulação própria de uma das Sete Variantes da Lei, ou seja, os Sete Mantrans Sagrados, os quais denominam as Sete Potências Originais ou Orixás Originais, que por sua vez, ao consubstanciarem suas qualidades e propriedades na Natureza (reino natural), fizeram-no através das sutis correntes elétricas ativas e magnéticas passivas, que em síntese são as Linhas de Força. Assim, estamos observando que, segundo a Coroa do Verbo, o vocábulo místico sagrado Sarava tem como um primeiro significado: força propulsora da Natureza ou atributo externo operante das Potências Superiores ou Orixás. Ao pronunciar-se esse termo, está-se ativando e veiculando pelas Linhas de Força quanta energética afins à movimentação desejada na evocatória, sendo pois suporte vibratório aos seus objetivos, que surgem em sua esfera mental e concretizam-se em sua esfera física. Elevados sacerdotes Iniciados sabem que na profunda ritualística hermética da Umbanda esse termo é vocalizado de sete formas diferentes, obedecendo ao metro musical original não temperado. Ainda segundo as necessidades do médium-magista, pode ser pronunciado em tons e sub-tons, oitavas acima e abaixo, devendo essa palavra ser pronunciada voltando-se a determinados pontos cardeais afins. Você já deve ter entendido ou mesmo percebido que o termo Sarava é um mantra fixador da Luz Astral em movimento, bem como, dependendo de como é pronunciado, pode ser dissipador da Luz Astral em repouso. Coagula e dissipa correntes segundo a necessidade, podendo fixar ou dissipar vibrações tanto na esfera mental, como na astral e na física. Após essas ligeiras observações sobre esse mantra, só nos falta dizer que ele frequentemente é utilizado sem nenhum critério, servindo muitas vezes como chacota para o profano, devido ao uso vulgarizado pelos próprios adeptos umbandistas, os quais esperamos venham a entender melhor, com o decorrer do tempo, que a palavra é remédio quando bem administrada e na dose certa, pois quando mal administrada e em doses elevadas pode tornar-se veneno. Como outros, também afirmamos que a palavra, antes de ser proferida, deve ser pensada, pesada, medida e contada, assim… (Trecho extraído do livro: “Umbanda – A Proto Síntese Cósmica” – de Francisco Rivas Neto – Editora Pensamento) Mas, na tal língua “Abanhenga” o estudo do termo “Sarava” carece de fontes, ou seja, nada provado. Aliás, qual é a explicação etimológica da divisão silábica “SA – RA – VA” ???
Também encontramos outra curiosa explicação do termo “Sarava”, dada pelo médium escritor Roger Feraudy. Em seu livro, ele diz que na antiguidade, o termo Umbanda, era pronunciado como “Aumpram”: “Em priscas eras, os primeiros sacerdotes do Aumpram possuíam uma palavra sagrada de reconhecimento – Yaôava – entre os adeptos da religião primeira, e que seria uma maneira de guardar ou velar a mantra sagrado – Aumpram – que era profundamente secreto, pois só a pronunciavam em certas épocas do ano, em cerimônias especiais. Portanto, Yaôava, era a saudação utilizada em substituição da palavra sagrada Aumpram. YAÔ: simboliza o poder masculino atuante na Natureza. AVA: simboliza o poder feminino na Natureza. Juntando-se Yaô com Ava, teremos Yaôava como a manifestação de Deus na Natureza. Originariamente, Yaôava era Evoé, que se pronunciava Evaué. Essa palavra era composta de quatro letras sagradas, representativas do quaternário cósmico, assim pronunciadas: YUD – HÊI – VAV – HÊI. Representa também, Deus manifestado em união eterna com a Natureza. YUD (Yaô) – poder masculino. HÊI – VAV – HÉI (Ava) – poder feminino. De tudo isso, devido as deturpações sofridas, chegamos ao “Sarava”, que não é somente ou simplesmente um “salve irmão”, mas sim o cumprimento que significa o sentido altamente filosófico, metafísico e oculto dos fenômenos do Universo Manifestado por Deus, e é o véu que oculta o sagrado mantra cósmico maior – Aumpram”. (Trecho extraído do livro: “Umbanda – Essa Desconhecida” – Editora Conhecimento) Será que “Sarava” seria tão somente “salve”? “viva”? “Salve a sua força”? Dificuldade dos escravos em pronunciar a palavra salve? Selar conversas? Não seria mais fácil utilizar axé? Aliás, nunca ouvimos um Guia Espiritual na Umbanda utilizar, em momento alguém, o termo “axé”. Todos, invariavelmente dizem: “Sarava”. O “Sarava” procede de uma veneração respeitosa, onde até mesmo os Guias e Protetores Espirituais ao fazerem-no, curvam suas cabeças com reverência. Nós e os Guias e Protetores Espirituais usamo-la para saudações respeitosas a Deus, às Corporações Orixás, a Mãe Maria Santíssima, a Mãe Senhora Aparecida, a Jesus, aos Santos, Anjos, assim como também às pessoas em geral. Com certeza, o “Sarava” é possuidor de uma simbologia mais profunda, do que somente um simples “salve”, um esfuziante “viva”, ou o pior, um erro gramatical “salavar”, erro esse que seria então reforçado até hoje até por Espíritos elevados. Os senhores Rivas Neto e Roger Feraudy foram mais fundo na explicação do termo “Sarava”, procurando dar um significado mais esotérico. Mas, estaria ai a explicação gramatical conhecida? Como poderia ser provado o vocábulo elaborado em épocas milenares; o que seria, quando e qual “priscas eras”? Que vocábulo seria esse? Onde está o estudo acadêmico etimológico do Abanhenga? Ficamos na mesma. Gostaríamos de obter uma prova cabal etimológica da existência do termo “Sarava”, e não conjecturas. Mais uma vez procuramos o auxilio do professor Euri P. Gouveia, formado em Linguística Indo-Européia, para ver se encontrávamos o termo “Sarava” em evidência em alguma língua ancestral, e para nossa surpresa, nos revelou o seguinte: Foi encontrado o termo “Sarava” na raiz Sânscrito. Foram encontradas quatro formas de escritas com sonância e significados bem aproximados ao nosso “Sarava”. No “SANSKRIT-ENGLISH DICTIONARY”, de Sir M. Monier-Williams, Oxford, London, encontramos algumas palavras em sânscrito, que se aproxima do termo “Sarava”, a saber:
Sharavat – Escudo ou proteção
Sharáva- Receptor; recipiente; vaso; aquele que recebe; receptáculo; o indivíduo que recebe um Espírito (médium – aparelho)
Sahavát- Possuir força; ser poderoso; forte; ter o poder do fogo
Sahaváh- Agir em conjunto; reunir-se, trabalhar em grupo; contrair ou assumir um compromisso ou uma missão
Obs.: Fica muito difícil expor na escrita, a sonoridade de uma palavra em Sânscrito. Aqui, o “sh” não é pronunciado como “x”. No “sh”, o “s” é proeminente, e o “h”, após o “s” é levemente pronunciado em conjunto. Portanto, o “sha” seria pronunciado como se levemente tivesse um “h” no meio. Interessante é que as quatro formas encontradas no sânscrito, todas sem exceção, possuem grande significado. Portanto, cremos ter encontrado a raiz etimológica do termo – “Sarava” – condizendo com o que observamos dos Guias e Protetores Espirituais, quando o pronunciam. Deste modo, teremos aproximadamente a seguinte tradução do “Sarava”: “Sarava” = Que o poder (o poder que movimenta toda a Natureza; o poder das Corporações Orixás) do qual somos receptores, trabalhe em sua proteção. Agora sim poderemos entender, porque os Guias e Protetores Espirituais ao pronunciarem o “Sarava”, o fazem de forma solene e com reverência. Estão nos protegendo com os poderes da Mãe Terra, nas emanações das Corporações Orixás.
(Trecho recomendado pelo irmão Wanderson Cruz, retirado do livro “Coletânea Umbanda- A manifestação do espírito para a caridade- O que é Umbanda III”, de autoria do Padrinho Juruá, dirigente do Templo da Estrela Azul site: www.umbanda.com.br)